Instituições de acolhimento da cidade têm 22 crianças para
serem adotadas, mas casais preferem bebês (e brancos).
Quatorze crianças com idades entre 7 e mais de 15 anos estão
abrigadas em duas instituições de acolhimento à espera de adoção. Na lista de
espera existem 151 casais.
Todas elas fogem do perfil preferido pelos pais que é bebê,
menina e de cor branca. “Normalmente é mais difícil o casal adotar adolescente.
No ano passado, colocamos para adoção um bebê a cada dois meses, este ano
tivemos apenas um”, afirmou o juiz Paulo Cesar Gentile, da Vara da Infância e
da Juventude.
A advogada Sônia Aparecida Paiva, especialista em adoção,
concorda com o magistrado. “A maioria que me procura quer menina, branca e
recém-nascida”.
Diminuição
Segundo ele, o número de crianças nas instituições de
acolhimento diminuiu nos últimos três anos.
“Antes tínhamos 90 crianças abrigadas e agora não passa de
30. De cinco instituições hoje temos apenas duas”.
Segundo Valéria Mattar, psicóloga da Vara da Infância e da
Juventude, este ano três crianças entraram no processo de adoção, que segundo a
legislação não pode ultrapassar dois anos.
“De janeiro a outubro dois irmãos de 7 e 9 anos foram
adotados por um casal de São Paulo. Além disso, também temos um garoto de oito
anos que vai ser adotado”, afirmou ela.
De acordo com a psicóloga, os casais não querem adotar
adolescentes, eles preferem crianças. “Tenho dois irmãos, um com 11 e outro com
13 anos, mas a gente não consegue arrumar família para eles. Eles devem
continuar na instituição de acolhimento até completarem 18 anos. Não podemos
colocá-los na rua. É mito pensarem que toda a hora teremos criança pequena para
ser adotada”, afirma.
Como adotar:
Os interessados em adotar devem procurar o Setor de Adoção
do Fórum de Ribeirão Preto que fica no NAI (Núcleo de Atendimento Integrado).
No local, o casal se inscreve para participar de uma
palestra de orientação que dura cerca de três horas.
“Depois de fazer o curso de adoção eles recebem orientação
sobre todos os procedimentos a serem feitos. Sem este curso não é possível
fazer nada”, explica Valéria.
Advogada diz que fila de espera é respeitada
A advogada Sônia
Aparecida Paiva diz que, hoje, a Justiça segue rigorosamente a fila de casais
cadastrados. “Quando a mãe deixa a criança no hospital é feita uma pesquisa
social da família. Caso a criança seja enviada à instituição é feita outra
pesquisa. Quando a família diz que não quer o bebê, ele é colocado para
adoção”.
A Vara da Infância e da Juventude chama o casal que está na
fila de espera e, se houver interesse, a criança é adotada. O procedimento não
pode durar mais de dois anos. “Existem adoções em que a criança já está no seio
da família e precisa ser regularizada. Um advogado é contratado para formular o
pedido. Esta é uma das formas legais de adoção”.
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