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Precisamos Reagir


É impossível fugir de nossa luta interior. Não a evite, nem se torture; quem age assim, torna-se prisioneiro de si mesmo. Mas não pense que a solução é trocar de cenário, o que é preciso mudar é a maneira de encarar a vida. Então, se mudanças radicais tiverem que ocorrer, ocorrerão naturalmente. Não se iluda pensando que, ao trocar o que está fora, você resolve o que está dentro. Muito pelo contrário: você está mudando para um campo de batalha que não lhe é familiar, e que terminará causando mais problemas do que pensava.
“O que são as dificuldades?”, perguntou o discípulo.
respondeu o mestre.
“Algo que nos faz seguir adiante”.
É evidente que precisamos de tolerância em nosso caminho. Não adianta ficar o tempo todo brigando com o mundo, só porque certas pessoas não respeitam a nossa busca ou o nosso sonho.
As coisas que nos são queridas, assim permanecerão para sempre e às vezes, escutar uma opinião exatamente contrária a nossa, termina por enriquecer e esclarecer um ponto que nos parecia obscuro.

Entretanto, não podemos confundir tolerância com passividade. Nos pontos mais delicados, devemos estar seguros de nossa decisão e da capacidade de seguir adiante.
Uma pequena história da sabedoria árabe, anotada por
Mansour Challita, nos recorda a melhor maneira de agir:
Um pastor disse ao seu pai: “ensina-me a bondade”.
Respondeu o pai: “ser bom como o cordeiro, mas que a tua mansidão não faça o lobo tornar-se valente demais”.
É claro que nem sempre as coisas acontecem como queríamos que acontecessem. Existem momentos em que sentimos que estamos buscando algo que não está reservado para nós, dando murros em portas que não se abrem, esperando milagres que não se manifestam. Ainda bem que as coisas são assim se tudo andasse como a gente quer, em breve não íamos ter mais assunto para escrever o roteiro dos nossos dias. Quando estivermos diante de situações que não conseguimos ultrapassar, relaxemos. O universo, embora não consigamos compreender, continua trabalhando por nós em segredo.
Nestes momentos em que não podemos ajudar, prestar atenção as coisas simples da vida.

(Paulo Coelho).

"Precisamos reagir mesmo quando a vontade é de fazer justiça com as próprias mãos, resguardando-nos da ira, inveja, angústia e mágoa em busca da nossa evolução, pois da luta interior vem nossa vitória diante de toda provação".